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20 de mai. de 2009

A realidade sobre a violência nas escolas

Algumas características e sinais são marcantes e claramente percebidas em escolas onde há casos de violência são: muros pichados; bebedouros e banheiros depredados; janelas e cadeiras riscadas e quebradas. Locais onde muitas vezes o clima é de medo. Alunos e professores são vítimas ou agentes dessa onda de violência. O que fazer? Chamar a polícia? Instalar câmaras ou subir os muros? O que a gestão escolar pode fazer para minimizar este problema? Investir em projetos? Fazer palestras?

A violência é um mal que atinge a todos os brasileiros, e que chegou e invadiu os portões das escolas indiscriminadamente. Nos últimos anos, os índices têm evoluído de forma incontrolável. A violência é um dos problemas mais sérios enfrentados pelas escolas.

Considerando que a violência é fruto das relações sociais e está estritamente ligada à educação do povo e da sociedade, a escola pode e deve tomar algumas atitudes.

Morais (1985) em seu livro O que é Violência Urbana, define violência como sendo uma prática típica do ser humano e que ao longo de toda a história tem deixado sua marca nas relações humanas. Ele diz ainda que a violência se originou das necessidades e interesses antagônicos gerados em climas de disputa e de medição de forças e pode ter várias causas como:

Distúrbios orgânicos como a disfunção da glândula tireóide que transforma o mais pacato cidadão em um agressor de alta periculosidade; ou como uma doença mental, ou de outras causas externas. As estatísticas mundiais mostram que a maior parte dos crimes (e até mesmo das doenças mentais) resulta da opressão as injustiças sociais, da miséria financeira ou afetiva (MORAIS, 1985, p. 79).


Segundo Adorno, sociólogo e professor do departamento de Sociologia da USP:

A violência não é um fenômeno natural, mas um fenômeno social. Encontra-se a conduta violenta nas mais diversas esferas sociais: no lar, no trabalho, nas ruas, nas escolas. A violência é portanto uma ação que envolve a perda da autonomia, de modo que pessoas são privadas de manifestar a sua vontade, submetendo-se a outro. Para ele a violência é claramente uma forma de manifestação das relações de dominação e é claramente uma negação da liberdade, da igualdade e da vida (ADORNO, 1999, p. 20.

Como podemos perceber a violência, segundo as definições citadas, é uma reação a uma causa primeira que está conectada com estruturas permanentes e continuadas da sociedade. Nesse caso seria necessário analisar as causas para que o combate fosse ao ponto gerador, percebemos ainda que as causas variam, mas a atitude violenta se repete em resposta a diferentes causas, de formas também diferentes, que é o caso da violência verbal, moral, social ou física.


Podemos perceber que a violência chegou a proporções absurdas nos dias de hoje. A violência escolar cresceu assustadoramente por uma série de causas que estão direta ou indiretamente ligadas à educação de nossa sociedade. Essa violência se constitui um desafio à nossa paz. É chegada a hora de nossa mobilização em favor da paz.

A força geradora de toda essa violência precisa ser analisada, levada em consideração e minimizada. Não podemos continuar alimentando essa cultura violenta na qual estamos inseridos, achando que isso é normal e que a única coisa que podemos fazer é nos defender. Queremos paz, e isso só conseguiremos se fizermos alguma coisa.

Os valores morais, éticos e espirituais foram invertidos, e para reconstruirmos um novo mundo de paz, precisamos reconstruir todos esses valores. A escola deve desenvolver projetos para a busca da valorização do ser humano como um ser que merece dignidade e respeito, um ensino que tenha como meta a reconstrução dos valores morais, éticos e espirituais.

As escolas que tiveram sucesso no combate à violência investiram na consolidação de uma equipe unida e determinada, na formação de professores, na aproximação com a comunidade e no acompanhamento dos jovens usuários de drogas ou com dificuldades de aprendizagem. Dessa forma criaram uma bandeira duradoura e eficiente contra a violência. Temos como exemplo a Escola Municipal Expedicionário Aquino no Rio de Janeiro depois de uma experiência de violência que levou à morte, o professor A. V., em 2002. Depois disso os gestores se engajaram em projetos didáticos que relacionavam aprendizagem e combate a violência, monitoraram alunos usuários de drogas e com baixo rendimento escolar. A aproximação pode começar com diálogo com os pais para que se envolvam no desenvolvimento dos filhos na escola. Desenvolver atividades esportivas e culturais para envolvê-los, projetos que fortaleçam a aprendizagem e que valorizem a história e cultura local. Heidrich cita Kátia Freitas, consultora do Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares que diz: "O gestor tem de estar presente nas tarefas cotidianas, visitar os alunos, conversar com os grupos e associações comunitárias, procurar parceiros e estimular professores e funcionários a fazer o mesmo". Ele cita ainda Roberta Panico, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária e consultora de Nova Escola Gestão Escolar, que nos alerta para casos mais graves de violência, nos quais os professores e gestores não devem se envolver, mas sim buscar apoio dos órgãos encarregados como a Secretaria de Educação e o Conselho Escolar (HEIDRICH, 2009, p. 27-28)

Precisamos deixar claro que o combate à violência precisa do engajamento de cada um de nós, principalmente de cada educadora e cada educador e da escola que é uma instituição formadora de cidadãos.

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